"E endireitando-se Jesus, e não vendo nonguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Não ficou ninguém para te condenar? Nem te condenou. E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.” (João 8:10-11)

 

         Com estas palavras Jesus despediu uma mulher trazida até a Sua presença por fariseus e mestres da lei no pátio do Templo. Este encontro, registrado no capítulo oito de João, é fonte de muitas lições sobre uma espiritualidade fundamentada no Princípio do Amor, manifesto através de atos de compreensão e misericórdia.

         Quando a mulher chegou até a presença de Jesus, já estava sentenciada e praticamente executada. Os homens que a levaram queriam também usá-la para incriminar Jesus por Suas próprias palavras. E como Ele age?

         Primeiro, ignora a chegada dos religiosos, sempre tão prestigiados pela população em geral. É necessário que insistam muito para que Jesus dirija-lhes a palavra. Eles correspondem exatamente aos representantes eclesiásticos que têm o poder de arrastar e julgar os pecadores - Jesus parecia estar mais interessado num desenho na areia.

         Quando resolve quebrar o silêncio, dirige-se aos religiosos e diz: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (vs. 7b) - e volta a escrever no chão. Estas palavras invertem as posições. De algozes, os religiosos passam a réus de suas próprias consciências, e começando pelos mais velhos até os mais novos, todos, emudecidos, deixam o local. O amor é aquele que nos faz soltar as pedras, que nos faz voltar para dentro de nós mesmos tomados pela consciência de que também precisamos de perdão e restauração.

         Num segundo momento lindíssimo desse texto, Jesus pergunta à mulher onde estavam os seus acusadores, e se alguém a havia condenado.

         Vemos nestas questões um ato terapêutico profundo. Jesus se dirige a uma mulher que se sabia pecadora e pergunta-lhe onde estavam os puros que a condenavam e a julgavam. Onde estavam os perfeitos que, diferentemente dela, não cometiam pecados? A mulher responde que eles haviam-se ido embora sem condená-la.
         A resposta da pecadora era necessária no processo da cura. Era necessário que ela dissesse com os seus próprios lábios: "Não, ninguém me condenou", para ouvir, em seguida, de Jesus: "Nem Eu tampouco te condeno. Vai e não peques mais".

         É isso que o amor faz: dá novas oportunidades, estende a mão para curar a alma, a ferida, revela a semelhança de todos os homens em sua miserabilidade e carência da bendita e surpreendente misericórdia do Pai.

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